terça-feira, 10 de novembro de 2020

A HISTORIA DOS QUADRINHOS PELO MUNDO (Parte 2)

O FANTÁSTICO UNIVERSO DAS HISTÓRIAS EM QUADRINHOS

Tintin com seu cachorrinho Milu

No ano de 1929, na Europa, surge um personagem que fez grande sucesso em suas aventuras pelo mundo, Tintin, criado pelo belga Hergé. Diferentemente do que era de costume, ao invés de jornais, o artista publicou seu personagem em álbuns, que posteriormente foram traduzidos em vários idiomas e distribuídos para vários países do mundo.  

Imagens do Tintin com seu cachorrinho Milu - Hergé

Imagens do filme live action do Tintin (2011)

Na década de 1930 um personagem que viria a se tornar um dos mais famosos ícones da cultura de massa do mundo, migrou dos desenhos animados para as HQs. O ratinho Mickey Mouse, criado por Walt Disney dá início a um verdadeiro império do entretenimento. Faz parte do seu vasto universo, outros personagens de grande sucesso, como o Pato Donald, o Pateta, a Minnie e o Zé Carioca, entre tantos outros. 

A turma do Mickey - Walt Disney

A turma do Mickey - Walt Disney

Enquanto Walt Disney difundia o capitalismo americano em suas histórias, Al Capp, satirizava o “estilo americano” (American Way of Life) através do seu personagem Li'l Abner (Ferdinando). Al Capp foi ainda, um dos primeiros autores a chamar atenção das massas para a defesa do meio ambiente. 

Capas das HQs de Li'l Abner - Al Capp

O cartunista americano V. T. Hamlin satirizou por quatro décadas a vida suburbana americana através de um personagem bastante exótico, o homem das cavernas chamado Brucutu. Suas histórias combinavam aventura, fantasia e humor. 

Capas das HQs do Brucutu - V. T. Hamlin

Capas das HQs do Brucutu - V. T. Hamlin

Outros famosos personagens deste período são o Marinheiro Popaye, que comia espinafre para ficar forte e salvar sua amada Olívia Palito das garras do vilão Brutus 

Imagens do Marinheiro Popeye e sua turma

Marinheiro Popeye e seu clássico cachimbo
e o novo Marinheiro Popeye com seu apito

O ano de 1936 marca o surgimento do primeiro grande herói fantasiado dos quadrinhos, o Fantasma, de Lee Falk. O autor utiliza em suas histórias algo incomum nos quadrinhos, a passagem real do tempo. O Fantasma se casa com Diana Palmer, tem filhos, envelhece e morre. Então, um de seus descendentes deve substituí-lo como Fantasma. Assim nasce a lenda do “Espírito que Anda”. Lee Falk foi ainda, o criador de outro personagem de grande sucesso, o mágico Mandrake. 

Imagens de HQs do Fantasma, de Lee Falk

Imagens de HQs do Fantasma, de Lee Falk

Imagens de HQs do Fantasma, de Lee Falk

Imagens de HQs do Mandrake e seu amigo Lothar

Antes da Segunda Guerra Mundial, a excelente produção Norte Americana de quadrinhos e o eficiente sistema de distribuição dos Sindicatos (Syndicates), levam seus personagens a invadirem os jornais do mundo inteiro. 

A década de 1930 fica marcada pela consagração dos quadrinhos, e a qualidade do material impresso vem do trabalho de artistas como Burne Hogarth.

Estudos de anatomia de Burne Hogart,
do livro Anatomia Dinâmica

Com a chegada da Segunda Guerra Mundial, onde Adolf Hitler parecia invencível, os tradicionais heróis de aventura não eram mais suficientes para nos salvar. As pessoas comuns precisavam de algo a mais, e foi exatamente isso que Joe Shuster e Jerry Siegel perceberam. Então, com cerca de dezesseis anos, os jovens de Cleveland, Ohio, criaram um personagem que levava os leitores a outra realidade, uma dimensão onde o bem sempre prevalecia. O início de carreira foi muito difícil para os dois, pois todos os editores se recusavam a publicar suas histórias, devido à ideia “não ser boa”. Por fim, depois de muita luta conseguiram um emprego na editora National Allied Publication, que mais tarde se tornaria a poderosa DC Comics. 

Em 1938 seria lançada a revista Action Comics, e os editores necessitavam de um protagonista para as histórias. Foi neste ponto, que a vida de Shuster e Siegel dá uma guinada gigantesca. Os editores aceitam publicar a história do personagem deles, um alienígena que se tornaria um dos maiores ícones gráficos de todos os tempos, o Superman. O primeiro volume da Action Comics é considerado o marco zero quando o assunto é super-heróis. Os jovens autores não criaram apenas um novo personagem, criaram um novo gênero de quadrinhos. A HQ foi um sucesso estrondoso. 

Foi através do colossal sucesso do Homem de Aço, que os editores americanos passaram a publicar os quadrinhos em forma de revista, dando origem aos “Comic Books” (Livros em quadrinhos ou Revisas em quadrinhos). 

Primeira aparição do Superman - Action Comics #1 (1938)
Primeira aparição do Batman - Detective Comics #27 (1939)
  

O grande sucesso do último filho de Krypton (Superman) fez a DC Comics encomendar ao jovem cartunista, Bob Kane, a criação de outro super-herói. Curiosamente, foi observando as obras de Leonardo da Vinci em busca de inspiração, que Bob Kane se deparou com esboços de asas e máquinas voadoras, e a partir destes desenhos, criou o Batman, que inicialmente tinha asas de morcego. 

Imagens do Homem Morcego e do último filho de Krypton

Imagem "espelhada" do Superman e do Batman

Capas de HQs do Batman e do Superman
Ícones da cultura pop


A  eterna luta contra o mal, espalhando o terror nos corações dos criminosos de Gotham City vem da série radiofônica do personagem Sombra. O fato do personagem principal da história, Bruce Wayne, ser um milionário que sai à noite usando uma máscara em defesa dos oprimidos, e a criação de um quartel general construído dentro de uma caverna (Batcaverna), são ideias retiradas das histórias do Zorroe completam o desenvolvimento inicial do Homem Morcego.

Imagens do Zorro em quadrinhos

Imagens do Sombra em quadrinhos

Kane convidou Bill Finger para realizar a composição final do personagem, que sugeriu algumas alterações, como a substituição das asas de morcego por uma capa e a introdução famoso do cinto de utilidades. Em maio de 1939, na Detective Comics número 27, o mundo via pela primeira vez as aventuras de Batman. O eterno defensor de Gotham City é um dos maiores ícones da cultura pop mundial e leva terror aos corações dos criminosos a mais de 80 anos. 

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Quando os EUA entraram na segunda grande guerra, seus super-heróis já estavam combatendo as forças de Hitler através das páginas das HQs. Suas histórias eram usadas como forma de divulgar mensagens ideológicas antinazistas. O primeiro super-herói a se declarar publicamente inimigo dos nazistas foi o Capitão América, mas até mesmo Tarzan, em meio à vasta floresta africana, lutou contra os soldados de Adolf Hitler.

HQ na qual Capitão América dá um soco em Adolf Hitler
Capitão América e Bucky (Soldado Invernal)

Segundo o cartunista, jornalista e professor, Gilberto Maringoni, com o fim da guerra, Steve Rogers (Capitão América) foi um dos primeiros personagens a questionar sua função na sociedade. O pensamento: “Talvez eu devesse lutar menos... e perguntar mais” marca essa fase dos quadrinhos de super-heróis, e apresenta toda a problemática em torno deste tipo de personagem, num mundo pós-guerra. 

Os quadrinhos passam por uma fase muito ruim, com escassez de papel, que resultou na diminuição das publicações. Outros fatores negativos na época foram a perda da qualidade gráfica e o conteúdo bastante pobre das histórias. Neste período, depois que milhões morreram em guerra, era muito difícil apresentar histórias otimistas contendo super-heróis. 

Surgem então, algumas novas vertentes que ganham força e atingem alto padrão de estética gráfica. O maior exemplo é The Spirit (O Espírito), do consagrado mestre dos quadrinhos, Will Eisner. O autor explora de forma exuberante a técnica de luz e sombra (iluminação) através do contraste entre o preto e o branco. Eisner inovou o universo das HQs ao utilizar em suas criações, ângulos de câmera similares aos do cinema e curiosamente, nunca repetia a tipografia do título “The Spirit”.

Capas de HQs do Spirit, de Will Eisner

A arte de Will Eisner apresenta uma nova tendência nos quadrinhos, marcada pela alta qualidade artística e visual e também pela sofisticação do produto. Seu trabalho marca o fim do auge dos super-heróis e das histórias de cunho ideológico. 

Will Eisner - Um dos grandes gênios da nona arte

Em homenagem a este gênio dos quadrinhos, foi criado no ano de 1987 o “The Will Eisner Comic Industry Awards” comumente abreviado e traduzido em português para Prêmio Eisner. Sua primeira edição ocorreu no ano de 1988 e desde 1991 a cerimônia é realizada na "San Diego Comic Con". O Prêmio Eisner é considerado o Oscar dos quadrinhos. 

Troféu do Prêmio Eisner - Comic Con Internacional

Segundo informações da revista Galileu, a Comic Con Experience (CCXP) de São Paulo se tornou o maior festival geek do mundo, reunindo nos quatro dias de evento, em 2019, quase 1 milhão de pessoas. 

Imagens da CCXP 2017 - Eu, meu sobrinho Gabriel
e meus filhos, Luana e João Marcos

AMPLIE SEUS CONHECIMENTOS... PESQUISE

Dentro das metodologias ativas, é importante que os alunos saibam utilizar as TDICs (tecnologias Digitais de Informação e Comunicação), e aprendam a pesquisar. Portanto, pesquise na internet, de forma mais profunda, alguns temas citados neste post, assim como os escritores e desenhistas apresentados..

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O Fantástico Universo das HQs (Parte 1)

Agora escolha uma das atividades e mãos à obra

PROPOSTA PARA ATIVIDADE 01

Para nossa primeira atividade, proponho a realização de uma releitura de algum dos personagens apresentadas aqui no blog. Você pode utilizar uma das imagens presentes nesta postagem, ou se preferir, pode pesquisar na internet ou em livros, outras imagens que contenham os mesmos personagens. Lembre-se que releitura não é cópia, então realize alterações ou acréscimos no desenho original. Imagine o Mickey na sua escola! Não seria muito legal?

PROPOSTA PARA ATIVIDADE 02

Como segunda atividade, proponho a realização de uma releitura das HQs do Tintin e seu cachorrinho Milu. Você pode utilizar uma das imagens presentes nesta postagem, ou se preferir, pode pesquisar na internet ou em livros, outras imagens que contenham os mesmos personagens. Você tem algum animalzinho de estimação? Gostaria de ter algum? Então, que tal colocar você e seu pet no lugar do Tintin e do Milu, e viver grandes aventuras... Gostou da ideia? Então... Mãos à obra!!!

Releitura da ilustração do Tintin com o Milu
Eu e o meu Pipoca (2020) - Photoshop

PROPOSTA PARA ATIVIDADE 03

Agora, vamos colorir um desenho que represente as HQs e um dos personagens apresentados neste post. Escolha um deles, imprima e pinte. Se preferir, faça o desenho a partir da observação e depois, realize sua pintura.

 



 


PROPOSTA PARA ATIVIDADE 04

Nossa quarta atividade é uma homenagem ao genial Will Eisner. Proponho que você faça uma releitura de um dos desenhos do Spirit postado logo abaixo, ou crie uma cena com este personagem, no estilo que você preferir, ou então, imprima um dos desenhos e faça uma linda pintura.





PROPOSTA PARA ATIVIDADE 05

O mundo está em perigo... Precisamos de ajuda!!! Proponho para nossa quinta atividade , trabalharmos o gênero de HQ dos super-heróis. Você pode realizar uma releitura usando algum dos personagem apresentados aqui neste post, ou criar sua própria arte com estes super-heróis. Eu escolhi o Batman.... E você?

Batman (2020) - Luiz Alberto
Releitura da HQ Batman nº16 (1991)


Batman - Releitura em Nanquim da HQ The Dark
Knight Returns 1986 (Frank Miller) - Luiz Alberto

Batman e a Robin (menina) - Luiz Alberto
Releitura da HQ de 1986
 The Dark Knight Returns
(Frank Miller) 

Batman - Aquarela (Brilho - Photoshop)
Luiz Alberto
   
OBJETIVOS

Ampliar o repertório cultural dos educandos.
Ampliar o repertório visual dos educandos.
Apreciar trabalhos de HQs.
Conhecer artistas dos quadrinhos.
Desenvolver conceitos relacionados aos quadrinhos.
Desenvolver trabalhos artísticos através da estética das HQs.
Conhecer e entender as diferentes possibilidades expressivas através das HQs.
Trabalhar a expressividade através dos quadrinhos.
Trabalhar a técnica do desenho.
Trabalhar a técnica da pintura.
Desenvolver trabalho de pesquisa através das TDIC.
Estimular pesquisas qualitativas aos educandos.

BIBLIOGRAFIA

LUYTEN, Sonia M. Bibe. O QUE É HISTÓRIA EM QUADRINHOS. São Paulo: Editora Brasiliense, 1985.

MARINGONI, Gilberto. Criatividade e Narrativa em História em Quadrinhos. São Paulo: SENAC, 1994. Trabalho não publicado.

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