terça-feira, 1 de setembro de 2020

OS CORTES E AS DOBRAS DE AMILCAR DE CASTRO

Amilcar Augusto Pereira de Castro nasceu em Paraisópolis, no dia 8 de junho de 1920. Estabeleceu-se em Belo Horizonte em 1934 e formou-se em Direito na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) em 1945. Frequentou a Escola Guingnard entre 1944 e 1950, estudando desenho com Alberto da Veiga Guignard (1896 - 1962) e escultura figurativa com Franz Weissmann (1911 - 2005).

Fotografias de Amilcar de Castro

No fim dos anos de 1940, seus desenhos de paisagens de Ouro Preto tendem para a abstração assim como sua escultura.

Depois de entrar em contato com a obra do suíço Max Bill (1908-1994), realiza sua primeira escultura construtiva, exposta na Bienal Internacional de São Paulo (1953). No mesmo ano muda-se para o Rio de Janeiro.

Participa de exposições do grupo concretista, no Rio de Janeiro e em São Paulo, em 1956, e assina o Manifesto Neoconcreto em 1959, com Ferreira Gullar (1930 - 2016), Franz Weissmann (1911 - 2005), Lygia Pape (1927 - 2004), Lygia Clark (1920 - 1988), entre outros. No ano seguinte, participa em Zurique da Mostra Internacional de Arte Concreta, organizada por Max Bill.

Amilcar de Castro é considerado pelos críticos e historiadores de arte, um dos escultores construtivistas mais representativos da arte brasileira contemporânea. Além de escultor, foi artista plástico, gravador, desenhista, cenógrafo, professor, diagramador e designer gráfico. O artista revolucionou a diagramação e design de diversos periódicos brasileiros, sendo responsável pela reforma gráfica do Jornal do Brasil, Correio da Manhã, Última Hora, Estado de Minas, Jornal da Tarde e A Província do Pará, entre outros, além de ter trabalhado como diagramador de revistas e de livros.

Em 1967 viaja para os Estados Unidos, fixando-se em Nova Jérsei. Em seu retorno a Belo Horizonte, no ano de 1971, dedica-se as atividades artísticas e educacionais. Dirigiu a Fundação Escola Guignard entre 1974 e 1977, ensinando expressão bidimensional e tridimensional. Foi ainda, professor de composição e escultura na Escola de Belas Artes da UFMG entre os anos de 1979 e 1990 e de escultura na Fundação de Arte de Ouro Preto-FAOP, em 1979.

Em 1990, aposenta-se da docência e passa a dedicar-se com exclusividade à atividade artística. Em 1999 apresenta trabalhos novos em exposição realizada no Centro de Arte Hélio Oiticica, no Rio de Janeiro e no ano seguinte, recebe no dia 6 de dezembro a Medalha de Honra da UFMG.

Amilcar de castro faleceu em Belo Horizonte, no dia 21 de novembro de 2002.

Em 2005, a 5ª Bienal do Mercosul, em Porto Alegre, o escolheu como o grande homenageado do evento, a partir da indicação do Curador-Geral, Paulo Sergio Duarte. Coube então, ao Curador-Assistente da Bienal, José Francisco Alves, a curadoria das cinco exposições do homenageado, em diversos locais e instituições de Porto Alegre, se constituindo na maior e mais completa exibição de trabalhos do artista até hoje realizada, com obras de coleções de vinte e oito cidades, de cinco estados brasileiros. Um dos destaques dessa Bienal do Mercosul foi a pesquisa e a exposição, pela primeira vez, da ampla produção de Amilcar de Castro nas artes gráficas, como paginador e ilustrador.

CORTE E DOBRA

Amílcar de Castro é referência quando o assunto é esculturas de metal. Seu trabalho, quase que exclusivamente realizado em duas ações, corte e dobra, impressionam pela economia de meios e pela afirmativa do gesto. Em vez de adicionar ou subtrair matéria, parte do plano bidimensional, utilizando uma chapa de metal circular, retangular ou quadrada, criando ao final do processo, um objeto tridimensional. Optando por não fragmentar a matéria, a separação provocada pelos cortes e dobras mantém a unidade da obra. Suas esculturas nascem de gestos simples e dialogam com os espaços, o corte define a forma, enquanto a dobra cria o vazio, o lugar da luz.

Parte de suas últimas esculturas, não é mais realiza com dobras, mas apenas cortes em espessas paredes de ferro que deixam a luz passar.


"Minha escultura começa no ateliê, aqui eu faço o desenho, faço uma maquete de papel, depois se gosto, passo para o ferro e faço uma maquete. Então, se eu gosto, aumento o tamanho. O desenho é fundamento, uma maneira de pensar. E pensar, em arte, é desenhar, porque, sem desenho, não há nada. Existem outros escultores que fazem esculturas sem desenhar. Eu não sei fazer nada sem desenhar”. Amilcar de Castro

AMILCAR DE CASTRO - A POÉTICA DO FERRO

 

 “Consegue ele, com elementos aparentemente simples (uma chapa retangular), revelar uma experiência dramática da forma.” Ferreira Gullar

ALGUMAS OBRAS DE CORTE E DOBRA
 












AMPLIE SEUS CONHECIMENTOS... PESQUISE

Dentro das metodologias ativas, é importante que os alunos saibam utilizar as TDICs (tecnologias Digitais de Informação e Comunicação), e aprendam a pesquisar. Portanto, pesquise na internet sobre o artista Amilcar de Castro e suas obras, assim como, os movimentos artísticos do Concretismo e do Neoconcretismo... 

Para auxiliar sua pesquisa... Quais artistas e obras fazem parte destes movimentos? Bora descobrir?  

CONCRETISMO

A arte concreta deve ser compreendida como parte do movimento abstracionista moderno, com raízes em experiências como a do grupo holandês De Stijl (O Estilo), em oposição a outras tendências abstratas. O termo arte concreta é retomado por outros artistas, como Wassily Kandinsky (1866-1944), por exemplo, popularizando-se com Max Bill (1908-1994), ex-aluno da Bauhaus.

Os princípios do concretismo afastam da arte qualquer conotação lírica ou simbólica. A obra construída não tem outra significação senão ela própria. Max Bill explora essa concepção de arte concreta defendendo a incorporação de processos matemáticos à composição artística, e a autonomia da arte em relação ao mundo natural. A obra de arte não representa a realidade, mas evidencia estruturas, planos e conjuntos relacionados, que falam por si mesmos.

NEOCONCRETISMO

A ruptura neoconcreta na arte brasileira data de março de 1959, com a publicação do Manifesto Neoconcreto pelo grupo de mesmo nome, e deve ser compreendida a partir do movimento concreto no país, que remonta ao início da década de 1950 e aos artistas do Grupo Frente, no Rio de Janeiro, e do Grupo Ruptura, em São Paulo.

O contexto desenvolvimentista de crença na indústria e no progresso dá o tom da época em que os adeptos da arte concreta no Brasil vão se movimentar. O programa concreto parte de uma aproximação entre trabalho artístico e industrial. 

O manifesto de 1959 denuncia já nas linhas iniciais que a "tomada de posição neoconcreta" se faz "particularmente em face da arte concreta ter sido levada a uma perigosa exacerbação racionalista". Os neoconcretos defendem a liberdade de experimentação, o retorno às intenções expressivas e o resgate da subjetividade. A recuperação das possibilidades criadoras do artista é valorizada, e ele não mais, é considerado um inventor de protótipos industriais. É bastante considerada a incorporação efetiva do observador, que ao tocar e manipular as obras torna-se parte delas. A arte é fundamentalmente meio de expressão, e não produção de feitio industrial, pois está ancorada nas experiências definidas no tempo e no espaço. 

Uma tentativa de renovação da linguagem geométrica pode ser observada nas esculturas de Amilcar de Castro. Os cortes e dobras feitos em materiais rígidos como o ferro evidenciam o embate entre o ato do artista e a resistência da matéria. O obra nasce então, fruto do esforço construtivo, mas também da emoção. Nas palavras de Castro: "Arte sem emoção é precária”.

PROPOSTA PARA ATIVIDADE 01

Diante do que foi visto e estudado até aqui, vamos fazer uma releitura das obras de corte e dobra de Amilcar de Castro?

Seu trabalho artístico será a construção de uma maquete produzida em papel ou papelão. Ao usar papel, dê preferência aos papéis com maior gramatura (papéis mais grossos e resistentes). 

Lembre-se de que Releitura não é cópia. Então, personalize sua produção... Você pode pintar, texturizar e/ou decorar o papel, ou ainda, encapar a maquete com papéis decorados, laminados ou recortes de revista e jornais. Use sua criatividade.

Como fazer: Primeiramente você deverá desenhar o modelo da maquete conforme indicado nas imagens abaixo, pintar, texturizar ou decorar, conforme sua preferência, e então, finalizar o trabalho recortando e dobrando. Observe nas imagens dos modelos para criação das maquetes, que as linhas contínuas são referentes aos cortes e as linhas tracejadas são para realização das dobras.

GRUPO 01

OBRAS DE DOBRA E CORTE DE AMILCAR DE CASTRO

MODELOS PARA CONFECÇÃO DAS MAQUETES

GRUPO 02

OBRAS DE DOBRA E CORTE DE AMILCAR DE CASTRO

MODELOS PARA CONFECÇÃO DAS MAQUETES

GRUPO 03

OBRAS DE DOBRA E CORTE DE AMILCAR DE CASTRO

MODELOS PARA CONFECÇÃO DAS MAQUETES

PROPOSTA PARA ATIVIDADE 02

Para a segunda proposta de atividade, não será necessário desenhar os modelos para confecção das maquetes, pois disponibilizo os moldes que criei, num bom tamanho para impressão. 

Seu trabalho artístico será a construção de uma maquete produzida em papel ou papelão. Ao usar papel, dê preferência aos papéis com maior gramatura (papéis mais grossos e resistentes). 

Lembre-se de que Releitura não é cópia. Então, personalize sua produção... Você pode pintar, texturizar e/ou decorar o papel, ou ainda, encapar a maquete com papéis decorados, laminados ou recortes de revista e jornais. Use sua criatividade.

Como fazer: Primeiramente você deverá imprimir o modelo da maquete escolhida, segundo imagens disponibilizadas abaixo. Depois, colar o modelo em um papel com maior gramatura, para dar firmeza à sua obra. Então, você poderá pintar, texturizar ou decorar, conforme suas preferências, e então, finalizar o trabalho recortando e dobrando.

GRUPO 01

OBRAS DE DOBRA E CORTE DE AMILCAR DE CASTRO

MODELOS PARA IMPRESSÃO E CONFECÇÃO DAS MAQUETES

GRUPO 02

OBRAS DE DOBRA E CORTE DE AMILCAR DE CASTRO

MODELOS PARA IMPRESSÃO E CONFECÇÃO DAS MAQUETES

GRUPO 03

OBRAS DE DOBRA E CORTE DE AMILCAR DE CASTRO

MODELOS PARA IMPRESSÃO E CONFECÇÃO DAS MAQUETES

PROPOSTA PARA ATIVIDADE 03

Para nossa terceira atividade de releitura, proponho a criação de uma maquete de corte e dobra, onde você deverá desenvolver formas diferentes dos modelos apresentados pelo artista Amilcar de Castro (Quadrado - Círculo - Retângulo). Diferentemente das duas atividades anteriores, agora você pode escolher o formato da maquete de escultura que será criada. Não se esqueça de que, embora a forma da escultura seja uma criação sua, para ser uma releitura devemos manter um vínculo com a obra original, e por isso, as etapas de corte e dobra deverão ser mantidas. 

Seu trabalho artístico será a construção de uma maquete produzida em papel ou papelão. Ao usar papel, dê preferência aos papéis com maior gramatura (papéis mais grossos e resistentes). 

Além de personalizar a forma da maquete, você pode ainda, pintar, texturizar e/ou decorar o papel, ou ainda, encapar a maquete com papéis decorados, laminados ou recortes de revista e jornais. Use sua criatividade.

Como fazer: Primeiramente você deverá criar a forma da maquete, pensando onde serão as dobras e cortes. Depois você pode pintar, texturizar ou decorar a obra, conforme suas preferências, e então, finalizar o trabalho recortando e dobrando... Bora fazer arte?

Maquete dos alunos da EM Antonio Marques Figueira (2018)

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OBJETIVOS

Ampliar o repertório cultural dos estudantes.

Ampliar o repertório visual dos estudantes.

Conhecer a vida e obra de Amilcar de Castro.

Conhecer e entender as diferentes possibilidades expressivas através da escultura.

Trabalhar a técnica de dobra e recorte para criar maquetes.

Desenvolver trabalho de pesquisa através das TDIC.

Estimular pesquisas qualitativas aos educandos.

Desenvolver a criatividade do estudante.

BIBLIOGRAFIA

https://pt.wikipedia.org/wiki/Amilcar_de_Castro. Acesso em 31/08/2020

https://www.escritoriodearte.com/artista/amilcar-de-castro. Acesso em 31/08/2020

http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa2448/amilcar-de-castro. Acesso em 31/08/2020

https://artsoul.com.br/artistas/amilcar-de-castro. Acesso em 31/08/2020

http://enciclopedia.itaucultural.org.br/termo3810/neoconcretismo. Acesso em 31/08/2020

https://www.youtube.com/watch?v=WO1OzWYFLps#action=share. Acesso em 31/08/2020

https://www.youtube.com/watch?v=XitMC4RxyzQ. Acesso em 31/08/2020

GULLAR, Ferreira. Esculturas de Amilcar de Castro. In: AMARAL, Aracy (Org. ). Projeto construtivo brasileiro na arte: 1950-1962. Rio de Janeiro: MAM, 1977. p. 241. [Texto originalmente escrito para a Revista Módulo n.5, abril/1961]

CASTRO, Amilcar de. [Depoimento, Belo Horizonte, 1999]. In: GRAVURA: arte brasileira do século XX. São Paulo: Itaú Cultural: Cosac & Naify, 2000. p. 154.


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