ARTE REGISTRADA: SEMIÓTICA - Arte de Observar e Entender os Desenhos

SIGNOS

Só para informar aos desavisados, nossa aula não será sobre o horóscopo ou sobre o zodíaco... Vamos falar e entender os significados do desenho. Você imagina porque associamos uma imagem que mais parece uma tomada, com um rosto humano?

O estudo sobre os signos é bastante complexo e ocorre através da semiótica, termo adotado definitivamente como padrão para estes estudos a partir do ano de 1969. A semiótica, também chamada de semiologia se ocupa de tudo que carrega consigo algum significado ou sentido, que comunicam e que transmitem alguma informação, como sistemas de sinalização de trânsito, gestos e notações musicais.

Alguns dos principais teóricos da semiótica são Ferdinand de Saussure (1857 – 1913), Charles Peirce (1839 – 1914) e Umberto Eco (1932 – 2016).

O filósofo americano Charles Peirce e seu seguidor Charles Morris identificaram três tipos básicos de signos: o ícone, o índice e o símbolo.

Ícone é a primeira classificação e nunca se apresenta de forma complexa. Geralmente é uma imagem simplificada que faz referência ao que ela é, ou como ela é percebida, de forma objetiva e figurativa. Por muitas vezes parece com um desenho de criança, produzido de forma simples e tendo característica mais universal. O fundamento do ícone é a imagem e a assimilação feita com aquilo que ela representa. Um ícone de uma árvore, por exemplo, possui semelhança física com a ideia que representa, é o signo em si mesmo, ele é o que é.

Ícone de Telefone

A segunda classificação é o índice, o qual carrega percepções que associamos a certas imagens, mesmo que elas não estejam ditas. Os índices apontam para seu referente, muitas vezes sinalizando uma ação ou processo físico, como a fumaça que indica a existência do fogo ou uma seta que indica uma determinada direção. Os ícones de homens e mulheres colocados nas portas se tornam índices de banheiros masculinos e femininos, embora o banheiro não esteja representado na imagem. Perceba que mesmo não sendo dito (representado) pela imagem, nós identificamos e associamos tais imagens aos banheiros. Dessa forma concluímos que os signos visuais podem incorporar atributos de mais de uma categoria.

Outros exemplos de índices são nuvens negras no céu que indicam que vai chover, algo escrito na lousa ou marcas de pegadas, que representam que alguém passou pelo local, expressões que nos indicam o que a pessoa está sentindo, entre outros.

Índice de Banheiro Feminino

Por fim, um símbolo é abstrato e apresenta relação arbitrária com o objeto ou ideia que ele representa. Tem seu significado baseado em convenções e são influenciados pelas culturas de nossa história, vivências e localização, não tendo em sua forma, qualquer semelhança com o seu significado. Isso pode ser verificado através de palavras, nacionalidades representadas por bandeiras, uma cruz que pode simbolizar uma religião, uma sepultura ou um hospital, assim como, sinais de trânsito não figurativos.

Bandeira do México - Símbolo
da nacionalidade mexicana

Grafite ou Graffíti - Imagem: Pinterest

Sabendo que palavras também são símbolos, observe que nas grafitagens acima são utilizados dois símbolos diferentes, produzidos através do nosso idioma. A primeira palavra representa um sentimento - AMOR - enquanto a segunda palavra simboliza o Filho de Deus no cristianismo - JESUS CRISTO.

Os efeitos que os signos causam nas pessoas podem mudar conforme a constituição do próprio signo. Este pode ser desenvolvido de forma simplificada, como um rosto caricato, estilizado ou infantilizado, um “Poker Face”, um "Emoticon" ou "Emojis" ou ainda, um desenho bastante detalhado, onde podemos identificar beleza ou feiura, juventude ou velhice entre tantas outras informações.

Percebemos o mundo ao nosso redor graças aos nossos cinco sentidos, olfato, tato, audição, paladar e visão. Quando desenhamos, percebemos o mundo através da visão, absorvendo imagens, informações e mensagens que são interpretadas e percebidas através do cérebro.

Estamos sempre buscando atribuir significado para todas as coisas ao nosso redor e para isso, dependemos de informações interiorizadas. Assim, devemos nos atentar que as crianças têm poucas informações se comparadas aos adultos, por isso apresentam maiores dificuldades neste aspecto. Então, é de suma importância ampliar o repertório visual dos educandos através da apresentação e apreciação de imagens variadas, ilustrações, HQs e obras de arte de diferentes artistas, estilos e épocas.

Tudo o que vemos passa pela chamada lei da simplificação, ou seja, todas as formas tendem a ser percebidas em seu caráter mais simples, e geralmente a forma mais simples é o conjunto, o todo. Então, podemos concluir que o “todo” possui prioridade no processo cognitivo. Estes estudos fazem parte da semiótica, sendo bastante desenvolvidos na Geltalt.

A definição do vocábulo alemão Gestalt não possui um equivalente exato em português, sendo geralmente traduzido como forma ou configuração. Teve destaque nos estudos de um pesquisador e psicólogo chamado Rudolf Arnheim, que tinha uma inclinação para o designer gráfico e identificou seis tipos de percepção a respeito de como observamos e interpretamos as coisas, sendo a Similaridade, Continuidade, Fechamento, Proximidade, Figura e Simetria.

Rudolf Arnheim

Basicamente nosso cérebro tende a entender as imagens pela assimilação e aproximação. Assimilar a nova imagem com algo que já conhecemos e aproximar com aquilo que compreendemos.

Tudo que observamos é arquivado em nosso cérebro, como ocorre nas mídias digitais. A assimilação ocorre em níveis diferentes, podendo ser básica ou mais complexa e específica, dependendo das influências que temos no decorrer da vida.

Todas as imagens que observamos estão em nosso “HD Cerebral” e quando vemos algo novo, a tendência é buscar dentro do cérebro algo que já existe, para dar ao novo objeto um significado.

Como a base primordial de assimilação do mundo ao nosso redor somos nós mesmos, ao olharmos para o desenho simplificado, postado abaixo, não vemos um traço abaixo de dois pontos, que se encontram no interior de um círculo... Vemos um rosto humano.

O que diferencia as imagens é o nível de complexidade e especificidade, sendo que no desenho acima temos maior nível de conclusão e interpretação (o que achamos), enquanto que no desenho abaixo, temos muitos detalhes para observar, fazendo poucas deduções. Isso ocorre devido a imagem ser mais definida, indicando por si mesma, seus significados.

Indígena Norte Americano - Giz Pastel Seco (2007)
Luiz Alberto

Rudolf Arnheim percebeu que os elementos visuais e a forma como eles são percebidos pelo nosso cérebro, tinham muito em comum com o design gráfico, afinal, o que as empresas buscam é justamente uma percepção rápida e positiva das suas marcas. Seus estudos o levaram a escrever um livro sobre o assunto “Arte e Percepção Visual” (Art and Visual Perception: A Psychology of the Creative Eye), que virou um marco na história da psicologia, da arte e do design.

Livro de Rudolf Arnheim

O designer Ale Borges indica em seu site, através de imagens, um resumo dos seis princípios da teoria da Gestalt, que reproduzo logo abaixo. Observem...

1. Similaridade

Hummm… coisas parecidas, vou agrupar... diferentes, vou separar.

Imagem: Similaridade - aledesigner.com

A similaridade causa o efeito da anomalia, onde o diferente chama a nossa atenção. Observe a imagem abaixo.

Anomalia na Capa do LP (Vinil) dos Beatles
A Hard Day's Night Mono

2. Continuidade

Direcionamento do olhar. Você olha, e seu olhar escorrega para um alvo.

Imagem: Continuidade - aledesigner.com

3. Fechamento

Seu cérebro não precisa do elemento completo para ver a imagem toda.

Logotipo da WWF (World Wildlife Fund)

Imagem: Fechamento - aledesigner.com

4. Proximidade

Existe uma distância “mágica” na qual os elementos deixam de ser elementos separados e se transformam em uma coisa só. Como nesse logo:

Imagem: Proximidade - aledesigner.com

5. Figura

Pura vontade de enxergar. Seu cérebro quer tanto enxergar algum significado nas formas que dá até para usar os espaços que sobram entre as coisas (o famoso espaço negativo). O logo do Carrefour, do Fedex, etc.

Imagem: Figura - aledesigner.com

Logotipo do Carrefour
Imagem no espaço negativo

6. Simetria

Tudo arrumadinho, equilibrado e harmônico. Há exceções, mas de modo geral, nosso cérebro enxerga beleza naquilo que é simétrico. Por isso muitas marcas são simétricas.

Em seu site, Ale Borges nos questiona: Quer fazer uma experiência divertida? Tire uma foto bem de frente e corte-a ao meio. Depois flipe as metades e observe que quanto mais parecidas, mais bonito(a) você é (na teoria)... Não entendeu nada? Continue lendo para compreender...

Para testar a experiência indicada por Ale Borges, eu trabalhei uma fotografia do ator Brad Pitt no software Adobe Photoshop. Observem que a imagem número 1 é a fotografia original do ator. A segunda imagem é uma construção do rosto do ator utilizando inicialmente apenas a metade direita do seu rosto.

Explicando de forma resumida, usei um espelhamento (Flip horizontal) da metade do rosto para fazer o rosto inteiro. O rosto do Brad Pitt é tão simétrico, que não dá para notar que a fotografia número dois não é uma foto original dele. O único detalhe facilmente perceptível é o cabelo.

Fotografia 1 - Original / Fotografia 2 - Photoshop

Agora, vejam abaixo, três fotografias produzidas da mesma maneira, e utilizadas em uma campanha da Nissan na qual é dito que simetria é um saco, mas mesmo assim tá harmônico.

Campanha da Nissan sobre simetria

AMPLIE SEUS CONHECIMENTOS... PESQUISE

Dentro das metodologias ativas, é importante que os alunos saibam utilizar as TDICs (tecnologias Digitais de Informação e Comunicação), e aprendam a pesquisar. Portanto, pesquise na internet, de forma mais profunda, os temas abordados neste post.

Fechando o assunto...

As imagens abaixo são exemplos de ícones de aplicativos/softwares que fazem parte do nosso cotidiano, devido estarmos inseridos numa sociedade midiática, tecnológica e digital. Observe as imagens como forma de inspiração e de ampliação de repertório.

As imagens abaixo são índices visuais que representam expressões faciais humanas e consequentemente, nossos sentimentos. Observe cada uma delas como forma de inspiração e também para ampliação do seu repertório... Fique à vontade para desenhar.

Uma maneira muito eficaz de trabalharmos símbolos são as bandeiras, que representam (simbolizam) as diferentes nacionalidades.

AGORA ESCOLHA UMA ATIVIDADE E "BORA FAZER ARTE"

PROPOSTA PARA ATIVIDADE 01

Proponho para nossa primeira atividade, a realização de uma obra levando em consideração o que aprendemos sobre a semiótica. Então, desenhe algo que transmita algum significado, sentido, sentimento ou informação para o observador. A imagem desenvolvida pode ser um símbolo utilizado na sinalização de trânsito, um personagem fazendo um gesto que signifique algo para você ou sua comunidade, uma notação musical, personagens que apresentam sono, fome, canseira... As possibilidades são quase infinitas.

PROPOSTA PARA ATIVIDADE 02

Diante do que foi visto e estudado até aqui, proponho a criação, cópia através da observação ou releitura de um ícone. Não esqueça que você pode usar as pesquisas online (TDICs) para ter maior volume de informações e referências visuais.

PROPOSTA PARA ATIVIDADE 03

Que tal realizar a criação, cópia através da observação ou releitura de um índice visual (imagem). Aqui podemos usar as pesquisas online para termos maior volume de informações e referências visuais.

PROPOSTA PARA ATIVIDADE 04

Para esta atividade, proponho que seja desenvolvido através do desenho, pintura ou colagem, o símbolo que representa as mais variadas nacionalidades... a bandeira. Para tanto, escolha qual país e nacionalidade você pretende representar e “mãos à obra”. Para facilitar o trabalho, você pode realizar uma pesquisa online observando algumas bandeiras e então, escolher qual é a sua preferida para a atividade.

PROPOSTA PARA ATIVIDADE 05

Através do que foi visto e estudado até aqui sobre a Gestalt, proponho a criação de uma obra de arte que trabalhe algum dos seguintes princípios da Gestalt: Similaridade, Continuidade ou Fechamento. Indico novamente como meio facilitador, a realização de pesquisa de imagens na internet.

PROPOSTA PARA ATIVIDADE 06

Para nossa sexta atividade eu proponho algo um pouco mais complicado, a realização de uma imagem usando o Espaço Negativo. Sua obra pode ser feita através do desenho, pintura ou da colagem.

Para ampliar seu repertório visual e facilitar a confecção do seu trabalho, pesquise imagens de espaço negativo na internet.

PROPOSTA PARA ATIVIDADE 07

Minha sétima e última proposta é trabalharmos com o princípio da Gestalt chamado Simetria. Pegue uma fotografia que contenha um rosto de frente e corte a imagem ao meio verticalmente. Essa fotografia pode ser de uma revista ou jornal, assim como, uma fotografia sua ou de um familiar. Pegue a metade da fotografia já cortada e cole-a em uma folha. Depois, complete a outra metade do rosto desenhando e/ou pintando.

Outra opção para esta atividade é utilizar os diferentes estilos de desenhos contidos nas HQs (Histórias em Quadrinhos). Você pode trabalhar com desenhos no estilo Cartum, Comics ou Mangá. O processo é o mesmo, procure um personagem que tenha sido desenhado de frente. Recorte o desenho ao meio e cole uma das metades numa folha em branco. Complete a arte desenhando a metade que está faltando do personagem.

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