quinta-feira, 2 de julho de 2020

NATUREZA-MORTA

Natureza-morta (2000) - Tinta a óleo sobre tela, 50 x 60 cm
Luiz Alberto de Souza

NATUREZA-MORTA

De forma bastante resumida, podemos significar Natureza-morta como um tipo de desenho, pintura, escultura ou fotografia, em que são retratados objetos inanimados, como frutas, louças, instrumentos musicais, flores, livros, taças de vidro, vasos, caças abatidas, garrafas, jarras, peças de porcelana, dentre outros. Observa-se que tais objetos inanimados já estavam presentes na pintura da Idade Média, não na posição de destaque, mas ocupando apenas o plano de fundo das pinturas religiosas de cunho realista.

Dentre tantos assuntos existentes e retratados na pintura de todos os tempos, a tradição histórica destaca três temas: a paisagem, o retrato e a natureza-morta, assunto central desta matéria.

Natureza-morta e vitral (1998) - Aquarela sobre papel Fabriano, 60 x 85 cm
Luiz Alberto de Souza

A natureza-morta começa emergir como gênero artístico independente, no século XVI, durante o período Barroco, em obras de pintores como Pieter Aertsen, Jacopo Bassano e Juan Sánchez Cotán, que articulam temas religiosos à vida cotidiana e às cenas de gênero.

O século XVII é marcado pela valorização da arte representativa de objetos e naturezas. Os trabalhos apresentam o âmbito doméstico, os passatempos, as decorações e o convívio no interior das casas. Na época, a natureza-morta era vista apenas como pintura decorativa, considerada de menor importância, se comparada às pinturas históricas, mitológicas e religiosas, tendo menor preço de mercado.

A pintura holandesa, através da valorização do cotidiano burguês, enfatizou à realidade diária do indivíduo comum. Houve uma exaltação deste tipo de trabalho artístico. Isto fica visível no próprio termo adotado na região para este tipo de pintura: vida silenciosa. Porém, mesmo nos lares mais humildes dos Países Baixos, as pinturas de naturezas-mortas ocupavam os cômodos de menor importância das residências.

Foi apenas no século XVIII, em meio ao surgimento da disciplina de estudos científicos da História da Arte, que a natureza-morta foi considerada como um "gênero" de pintura.

No final do século XIX e início do século XX, em meio aos ideais modernistas a natureza-morta voltou a ser vista como um gênero “sem tema”. Tal pintura era apropriada aos artistas, para realização de pesquisas referentes às diferentes composições, ao desenvolvimento de trabalhos expressivos através das cores, luz e sombra e novas concepções da relação entre figuras e espaços. Nesta nova perspectiva, a observação fiel da realidade, caracterizada pelo naturalismo das naturezas-mortas do século XVII, foi abolida.

Contemporaneamente, os artistas que retratam naturezas-mortas têm atualizado esse gênero, adaptando sua pintura a época atual, inserindo em seus trabalhos, por exemplo, objetos mais modernos, como um freezer, ou alguns aparelhos eletro eletrônicos. Andy Warhol, famoso por suas obras contendo sopas enlatadas, é um exemplo de artista que utiliza em sua pintura, objetos de sua época.

Alguns estudiosos apontam que o gênero tenha sido iniciado com Caravaggio, através das obras Baco (1593) e Cesto de Frutas (1596).

A natureza-morta sobrevive através do tempo, fato que pode ser comprovado ao observarmos algumas composições de Pablo Picasso e Giorgio Morandi, que sem dúvida alguma, é um dos pintores modernos que mais concentra sua obra no gênero natureza-morta. Seus trabalhos são esvaziados de conteúdos simbólicos, conferindo as obras uma visão altamente pessoal.

No Brasil, o gênero é representado por Albert Eckhout, Agostinho da Motta, Estêvão Silva, Pedro Alexandrino, Milton Dacosta, Maria Leontina e Iberê Camargo, dentre outros.

Diante da atual situação de isolamento social que nos encontramos (Pandemia do COVID-19, no ano de 2020), trabalhar com natureza-morta tem suas vantagens, pois conseguimos facilmente construir uma imagem, para realizar nossa própria obra de arte, sem a necessidade de buscar algo fora de casa.

Frutas (2000) - Giz Pastel Seco, 18 x 25 cm
Luiz Alberto de Souza

Bule (1998) - Estudo realizado com Carvão sobre papel Kraft, 34 x 50 cm
Luiz Alberto de Souza

CURIOSIDADES

1. Estevão Roberto da Silva foi o primeiro pintor negro de destaque formado pela Academia Imperial de Belas Artes (AIBA). Além de importante pintor, foi desenhista e professor brasileiro da segunda metade do século XIX.  Tornou-se célebre por suas obras que reproduzem naturezas-mortas, sendo considerado um dos maiores expoentes da arte brasileira no gênero

2. O holandês Bas Meeuws é fascinado pelos quadros de natureza-morta de antigos mestres, e inspirado por eles, cria suas composições através de fotografias e técnicas digitais. Bas cria arranjos florais que seriam inviáveis na vida real combinando, por exemplo, imagens de flores de todas as estações do ano. O fotógrafo já tem um banco de imagens com mais de 12 mil fotografias.

Click na imagem e acesse o DW Brasil para assistir ao vídeo

NATUREZA-MORTA VERSÃO SÉCULO 21

3. Um grupo espanhol se inspira em pinturas famosas de natureza-morta para criar um projeto fotográfico de conscientização ambiental sobre o uso excessivo de plásticos.

A série Not longer life é uma ideia de quatro arquitetos espanhóis para chamar a atenção para a grande quantidade de embalagens encontradas em supermercados de diversos países. O grupo Quatrecaps fez novas versões de pinturas de mestres, como Picasso e Caravaggio, adicionando plástico aos alimentos. “Escolhemos obras famosas porque são imagens que já estão na cabeça das pessoas. Assim, quando mostramos a nossa versão, elas ficam em choque com a diferença entre a imagem com e sem plástico”, explica Miguel Tomás (DW Brasil).

AMPLIE SEUS CONHECIMENTOS... PESQUISE

Dentro das metodologias ativas, é importante que os alunos saibam utilizar as TDICs (tecnologias Digitais de Informação e Comunicação), e aprendam a pesquisar. Assim, pesquise na internet e amplie seus conhecimentos sobre os assuntos e artistas tratados aqui.

Vamos imaginar que dentro das metodologias ativas de aprendizagem, iremos realizar a "Aula Invertida", onde os alunos devem realizar previamente, pesquisas sobre um determinado tema, para posteriormente, na sala de aula, discutirmos em uma roda de conversa os assuntos pertinentes e realizarmos a atividade proposta.

As obras postadas abaixo, de diferentes artistas e épocas, servem para auxiliar na pesquisa.

...VAMOS APRECIAR?

Jean Siméon Chardin (1699 - 1779)

Panfilo Nuvolone (1581 - 1651)

Pieter Claesz (1597 - 1661)

Paul Cézanne (1839 - 1906)

Caravaggio (1571 - 1610)

Juan Sánchez Cotán (1560 - 1627)

Francisco de Zurbarán (1598 - 1664)

Juan van der Hamen y León (1596 - 1631)

Juan Gris (1887 - 1927)

Pablo Picasso (1881 - 1973)

Max Weber (1881 - 1961)

Gino Severine (1883 - 1966)

Georges Braque (1882 - 1963)

Vincent van Gogh (1853 - 1890)

Fernand Léger (1881 - 1955)

Henri Matisse (1869 - 1954)

Chäim Soutine (1893 - 1943)

Pierre Bonnard (1867 - 1947)

Giorgio Morandi (1890 - 1964)

Albert Eckhout (ca.1610 - ca.1666)

Agostinho da Motta (1824 - 1878)

Estêvão Silva (ca.1844 - 1891)

Pedro Alexandrino (1856 - 1942).

Milton Dacosta (1915 - 1988)

Maria Leontina (1917 - 1984)

Iberê Camargo (1914 - 1994)

COMO MONTAR SUA NATUREZA-MORTA

Antes de compor a cena que será retratada em sua obra, defina o ângulo de visão que pretende adotar, pois ele definirá o arranjo. Em geral a composição é focalizada de cima para baixo, o que auxilia na criação do espaço.

Sendo que a composição definirá sua arte, não tenha pressa. Empregue um bom tempo para construir a cena, pois se a composição for boa, você estará na metade do caminho para o sucesso.

A natureza-morta é uma das melhores opções para o artista explorar a composição, pois tem controle total sobre ela, além de oportunizar um ótimo trabalho com a iluminação, cores e texturas variadas.

Ao compor um arranjo, escolha objetos de tamanhos variados, para aumentar o interesse visual. Use diferentes texturas, rígida e macia, áspera e lisa, grossa e delicada. Arrume a iluminação para criar padrões interessantes de luz e sombra. Equilibre as cores, as formas e os tamanhos dos objetos.

Você pode colocar um pouco de ação em sua obra, para ampliar o interesse do observador. Como não haverá movimento na imagem, podemos mostrar o resultado de atividades já ocorridas. Pedaços de frutas, sobras de alimentos, pães cortados, louças quebradas, entre outras alternativas, são bons exemplos da ação humana sobre os elementos representados.

Observe e aprecie sua composição por um tempo, sem pressa, e somente depois disso, comece a esboçar o desenho. Após ter certeza de que a composição está esboçada corretamente, comece a desenhar e a definir os objetos, aplicando maior intensidade de força (sem exagero) com o lápis. Arte finalize seu trabalho utilizando o material de sua preferência.

Natureza-morta com canecas (2020) - Fotografia - Luiz Alberto de Souza

PROPOSTA PARA ATIVIDADE 01

Com base no que foi visto e estudado até aqui, proponho a realização de uma atividade em duas etapas. A primeira fase é destinada a composição de uma pequena natureza-morta, para apreciação, como fiz na imagem postada acima (Natureza-morta com canecas - 2020), usando o que temos em casa, copos, garrafas, bule, frutas, pães, etc. A segunda fase tem como objetivo a criação de um desenho a partir da observação da natureza-morta que foi montada. Seu trabalho artístico pode ser feito com lápis, canetinhas, giz, tinta ou qualquer outro material... A escolha é sua!

PROPOSTA PARA ATIVIDADE 02

Com base no que foi visto e estudado até aqui, vamos colorir uma natureza-morta? Você pode se inspirar nas pinturas apresentadas aqui no blog ou em outras de sua preferência. Seu trabalho artístico pode ser feito com lápis de cor, canetinhas, giz, tinta, ou qualquer outro material... A escolha é sua!

A imagem escolhida para ser colorida, pode ser impressa ou desenhada pela própria criança.

 

 

 

 

 

 


PROPOSTA PARA ATIVIDADE 03

Com base no que foi visto e estudado até aqui, proponho a realização da presente atividade em duas etapas. Assim como na atividade 01, a primeira fase é destinada a composição de uma pequena natureza-morta, para apreciação, usando o que temos em casa, taças, vasos, legumes, panelas, plantas, etc. A segunda fase tem como objetivo a captação da imagem através da fotografia. A fotografia pode ser colorida, preta e branca ou desenvolvida através de algum filtro constante no App do celular, ou demais tecnologias digitais usadas para fotografar... A escolha é sua!

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OBJETIVOS

Ampliar o repertório cultural

Conhecer e entender as diferentes possibilidades imagéticas que compõe o gênero natureza-morta

Trabalhar a composição através dos desenho e das cores

Utilizar a fotografia como meio expressivo

Desenvolver um trabalho através das TDICs

Desenvolver a criatividade do estudante

Conhecer as obras de diferentes artistas de diferentes épocas

Estimular pesquisas qualitativas aos educandos

 

BIBLIOGRAFIA

Curso de Desenho e Pintura; ESPILOTRO, Sandra R. F. (Ed.). Natureza-morta. São Paulo; Editora Globo SA, 1985.

http://enciclopedia.itaucultural.org.br/termo360/natureza-morta. Acesso em: 28 de Jun. 2020.

NATUREZA-MORTA . In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2020. Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/termo360/natureza-morta>. Acesso em: 28 de Jun. 2020.

http://www.casthalia.com.br/a_mansao/preste_atencao/natureza_morta.htm. Acesso em: 28 de Jun. 2020.

https://quadrosdecorativos.net/generos-da-pintura-natureza-morta. Acesso em: 28 de Jun. 2020.

https://conceitos.com/natureza-morta. Acesso em: 28 de Jun. 2020.

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