segunda-feira, 4 de julho de 2022

EDUCAÇÃO PELA ESTÉTICA DOS QUADRINHOS

TCC - Instituto Federal de São Paulo (IFSP)

Pós-Graduação em Docência na Educação Básica

EDUCAÇÃO PELA ESTÉTICA DAS HQS

O despertar da crítica pela iconografia dos quadrinhos

Os quadrinhos foram vistos por muito tempo como material ínfero, de qualidade ruim e impróprio para crianças e jovens, sendo quase que proibidos nas escolas. O presente trabalho objetiva desconstruir tais conceitos, apresentar a importância das HQs como linguagem artística autônoma, além da sua relevância e benefícios como ferramenta didático pedagógica na construção do letramento visual das crianças e jovens. O estudo apresenta a trajetória evolutiva das HQs pelo mundo, demonstrando algumas das principais tendências, artistas e obras, além de apresentar seus principais elementos constitutivos, reafirmando a força desta linguagem como um dos mais potentes meios de comunicação contemporâneos. Sendo altamente atrativo, utilizar tal material, com intencionalidade pedagógica, se mostra uma excelente alternativa na construção do letramento visual. Esta investigação foi construída através de exploração bibliográfica, leitura de HQs, sites e revistas especializadas, além da observação de materiais audiovisuais. Para desenvolver as conjecturas deste estudo, foram utilizados material textual de autores variados, com ênfase nos estudos visuais desenvolvidos por Will Eisner, focados no universo das HQs, além das pesquisas desenvolvidas por Sônia Maria Bibe Luyten, os trabalhos editoriais de Waldomiro Vergueiro e a Abordagem Triangular de Ana Mae Barbosa. Somam-se a estas fontes teóricas, coleta de dados realizada em 2020 e uma pesquisa de campo executada no ano seguinte.

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💥 EDUCAÇÃO PELA ESTÉTICA DAS HQS 💥

Figura retirada do TCC 

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Meu TCC foi desenvolvido dentro dos seguintes capítulos e subcapítulos

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO

1.1. EU, OS QUADRINHOS E A ARTE-EDUCAÇÃO

1.2. HISTÓRIAS EM QUADRINHOS - UMA POSSIBILIDADE POUCO EXPLORADA PARA O LETRAMENTO VISUAL

1.3. MATERIAIS E MÉTODOS UTILIZADOS NA CONSTRUÇÃO DA PESQUISA

1.4. BIOGRAFIA DE UM MESTRE: WILL EISNER E A ARTE SEQUENCIAL

2. INTRODUÇÃO AO UNIVERSO DAS HQS - UMA BREVE CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA

2.1. A ERA DE PLATINA DOS QUADRINHOS (1897 - 1937)

2.2. A ERA DE OURO DOS QUADRINHOS (1938 - 1955)

2.3. A ERA DE PRATA DOS QUADRINHOS (1956 - 1969)

2.4. A ERA DE BRONZE DOS QUADRINHOS (1970 - 1979)

2.5. A ERA MODERNA DOS QUADRINHOS (1980...)

2.6. A ARTE DE VER QUADRINHOS E OUTRAS ARTES

2.6.1. MATERIAIS BÁSICOS

2.6.2. BALÃO

2.6.3. TEXTO E LETREIRAMENTO

2.6.4. ONOMATOPEIA

2.6.5. LEGENDA

2.6.6. METÁFORAS VISUAIS

2.6.7. COMPOSIÇÃO E HARMONIA

2.6.8. TIPOS DE PERSONAGENS

2.6.9. PROPORÇÃO HUMANA

2.6.10. ANATOMIA DINÂMICA E GESTUALIDADE

2.6.11. DINÂMICA E MOVIMENTO

2.6.12. ESCORÇO

2.6.13. ROSTO E EXPRESSÃO FACIAL

2.6.14. PÁGINAS

2.6.15. PÁGINAS INTEIRAS (SPLASH PAGE)

2.6.16. CAPA

2.6.17. CENÁRIO E AMBIENTAÇÃO

2.6.18. ESBOÇO

2.6.19. ARTE-FINAL

2.6.20. ESPAÇO NEGATIVO

2.6.21. SILHUETAS

2.6.22. TEXTURAS

2.6.23. HACHURAS

2.6.24. LUZ E SOMBRA - ILUMINAÇÃO

2.6.25. CORES - COLORIZAÇÃO

2.6.26. ESCALA DE VALORES

2.6.27. CARACTERÍSTICAS DAS CORES

2.6.28. TEMPERATURA DAS CORES

2.6.29. HARMONIA DAS CORES

2.2.30. REQUADRO

2.2.31. CALHA

2.6.32. PERSPECTIVA

2.6.33. ENQUADRAMENTO E PLANOS

2.6.34. ÂNGULOS E PONTOS DE VISTA

2.6.35. FOCO

2.6.36. SIMPLIFICAÇÃO

2.6.37. REFERÊNCIAS

2.6.38. NARRATIVAS VISUAIS

3. A IMPORTÂNCIA DO LETRAMENTO VISUAL NA FORMAÇÃO PLENA DE CRIANÇAS E JOVENS EM MEIO À SOCIEDADE IMAGÉTICA

3.1. MAS... E NA ESCOLA REAL? COMO FICAM AS HQS?

3.2. A FORÇA DAS HQS COMO LINGUAGEM AUTÔNOMA

3.3. NA PRÁTICA! USO DAS HQS NAS AULAS VIRTUAIS DE ARTE-EDUCAÇÃO, DIANTE DO AFASTAMENTO SOCIAL CAUSADO PELA PANDEMIA DA COVID-19

4. METODOLOGIA PARA LEITURA VISUAL DE HISTÓRIAS EM QUADRINHOS

4.1. TRÊS ETAPAS DA LEITURA VISUAL DE HQS

4.2. CONTEXTUALIZAÇÃO E A LEITURA VISUAL DE HQS

5. CONCLUSÃO

6. REFERÊNCIAS IMAGÉTICAS

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

segunda-feira, 7 de dezembro de 2020

A HISTORIA DOS QUADRINHOS PELO MUNDO (Final)

Arte digital - Luiz Alberto

Os quadrinhos da década de 1970 são marcados pelo estilo “Fantasia Heróica”, que mistura temas de ficção científica e magia medieval. Neste contexto, destaca-se a série Cinco por Infinitus, de Esteban Maroto, que conta com desenho primoroso e foi publicada no Brasil pela editora EBAL.

Páginas de diferentes volumes da HQ Cinco por Infinitus

A França abre espaço para um novo público através da Metal Hurlant, com arte de muitos desenhistas do primeiro escalão. O editor da revista americana National Lampoon gostou tanto da Metal Hurlant, que lançou nos EUA em 1977 a Heavy Metal. A publicação não reproduzia na íntegra a versão original, pois colocava também em seu conteúdo, histórias produzidas especialmente para o gosto americano.

Capas da Metal Hurlant e Heavy Metal

O francês Jean Giraud, utilizando o pseudônimo de Moebius, torna-se um dos maiores expoentes da criação de histórias com temática fantástica. No fim da década de 1980, foi convidado por Stan Lee, o “pai” da Marvel Comics, para formar uma inusitada parceria. Moebius aceita o convite e emprega sua impressionante arte na Graphic Novel Parábola, que é considerada uma das melhores HQs do poético personagem Surfista Prateado.

Galactus e Surfista Prateado na fantástica HQ Parábola

O fim da década de 1970 marca ainda, a estreia de uma das tirinhas mais famosas do mundo, Garfield, de Jim Davis, que teve sua primeira aparição em 1978. Preguiçoso, guloso e sarcástico, o bichano enfrenta problemas humanos como o tédio, a necessidade de dieta e a aversão às segundas feiras. O personagem pulou das tiras para a TV e o cinema, através de filmes, desenhos animados e animações.

Algumas versões do Garfield - Jim Davis

A década de 1980 é marcada por criações voltadas para o público adulto e por publicações em forma de minisséries de luxo. Estas, com papel interno e capa contendo maior qualidade, representam uma nova fase para os quadrinhos. As histórias são mais elaboradas e violentas, e o designer gráfico das HQs recebe influência do genial Will Eisner e dos quadrinhos japoneses, os Mangás, tanto no conteúdo quanto no estilo.

Em 1982, o judeu sueco Art Spiegelman, lança "MAUS", romance gráfico que narra a luta de seu pai para tentar sobreviver ao holocausto. O autor representa os diferentes grupos étnicos contidos nesta HQ, através de espécies diversas de animais. Caso dos judeus, que são apresentados como ratos e dos alemães que surgem como gatos. Holocausto é o nome dado ao genocídio cometido pelos nazistas ao longo da Segunda Guerra Mundial e que vitimou aproximadamente seis milhões de pessoas entre judeus, ciganos, homossexuais, testemunhas de Jeová, deficientes físicos e mentais e opositores políticos, entre outros.

Maus - Uma incrível narrativa sobre o holocausto 

Algumas obras desta década estão entre as maiores de todos os tempos, como Batman: O Cavaleiro das Trevas, de Frank Miller, que foi lançada em 1985 e revolucionou de forma ímpar o mercado dos Comic Books. Com a mesma grandiosidade, surgem da Inglaterra para o cenário dos Comics, dois dos maiores artistas de todos os tempos - Neil Gaiman, com a fantástica Sandman (1985) e Alan Moore, autor da revolucionária Watchmen (1988) e Batman – A Piada Mortal (1989), consideradas obras-primas e obrigatórias em qualquer lista que aponte HQs de qualidade.

Imagens da HQ que virou desenho animado em 2012

Capa da versão em desenho animado da Piada Mortal (2016)
e o Coringa da HQ original.

Capas da HQ Sandman, ilustradas por Dave McKean

Capas das 12 edições da minissérie Watchmen

Ainda na mesma década, os japoneses abrem de vez suas portas e alguns de seus trabalhos tornam-se conhecidos do público ocidental, como O Lobo Solitário, de Kazuo Koike e Gozeki Kojima que alcançou grande visibilidade no mercado dos quadrinhos.

Ao apresentar o documentário Top 10 Comic Book Heroes, (Os dez maiores Heróis dos Quadrinhos) do canal Discovery, Tom Baker cita como maior destaque do estilo Mangá, o quadrinho do Akira, de Katsushiro Otomo. Publicado originalmente entre 1982 e 1990, a história alcança grande sucesso no cenário mundial e se torna marco inicial da conquista deste mercado pelo quadrinho japonês, que é o maior do mundo, tanto em variedade quanto em consumo.

Capas das HQs do Lobo Solitário e do Akira 

Destaca-se ainda nesta super década das HQs, os trabalhos dos italianos Paolo Serpieli e Vittorio Giardino, do espanhol Jordi Bernet, além dos argentinos, José Muñóz, Carlos Sampayo e Carlos Trillo, e do uruguaio Alberto Breccia.

Um trabalho primoroso realizado a partir de 1984 é Calvin e Harondo (Calvin e Hobbes), escrita e ilustrada pelo norte-americano Bill Watterson. Suas tiras e seus personagens foram publicados em mais de 2000 jornais do mundo inteiro, incluindo o brasileiro O Estado de São Paulo. Calvin é um garoto de seis anos de idade, cheio de personalidade, que tem como companheiro, um tigre de pelúcia, sábio e sarcástico, que para ele está tão vivo como um amigo verdadeiro. O trabalho de Watterson é considerado uma obra-prima das HQs.

Lindas ilustrações de Calvin e Haroldo

A crise econômica não atingiu as HQs e o mercado dos quadrinhos cresce vertiginosamente no início da década de 1990. O canadense Todd McFarlene torna-se o primeiro milionário dos quadrinhos desta década, através do lançamento do personagem Spawn, e da editora independente, Image Comics. Outro paço importante para sua confirmação como grande empreendedor foi transformar Spawn em brinquedo, e lançar o filme e um desenho animado do personagem.

Spawn e Homem Aranha através do incrível traço de McFarlene

Na época, uma bem sucedida HQ vendia cerca de 200.000 exemplares, mas no final da década de 1980 e início da década de 1990, ocorre uma expressiva e expansiva fase no universo dos heróis.  MacFarlene, criador do Spaw, vendeu através de sua arte, fantásticos dois milhões de exemplares de uma HQ do Homem Aranha. Na primavera seguinte, Rob Leifeld ilustrando X-Force, consegue atingir quatro milhões de gibis vendidos, e então, quatro meses depois, no início de 1991, surge X-Men número 1, com desenhos do espetacular Jim Lee, que nesta primeira edição da nova série mutante, chega aos impensáveis oito milhões de edições vendidas, marca nunca antes ou depois alcançada por outro artista.

Arte de Jim Lee no pôster comemorativo - X-Men 1

Em 1996, um dos maiores nomes dos quadrinhos, Frank Miller, volta a ser destaque ao lançar "Sin City - Cidade do Pecado", cuja trama envolve sexo e violência. A violência é largamente utilizada nas HQs desta época e ganha destaque em "Balas Perdidas", de David Lapham e "Cidade de Vidro", escrita por Paul Auster e ilustrada por David Mazzucchelli, ambas em 1998.

Arte de capa das supracitadas obras 

São destaques ainda, No Coração da Tempestade, do mestre Will Eisner e a descomunal arte de Alex Ross, em várias HQs.

HQ do mestre Will Eisner

A estupenda arte de Alex Ross, produzida com guache e aquarela

Surgem como importantes obras no cenário das HQs, alguns gêneros pouco explorados, como a reportagem em quadrinho, “Palestina”, de Joe Sacco. Neste trabalho, Joe apresenta através da linguagem dos quadrinhos, um jornalismo diferente do convencional, mostrando de forma corajosa toda realidade que envolve o conflito que nomeia a publicação.

Capa e pagina interna da HQ Palestina

Neste novo milênio, o gênero Super Heróis é destaque em produções cinematográficas milionárias, resultando em uma lista bastante extensa de personagens transportados para a “telona”.

Nos quadrinhos, os Super Heróis são destaque em histórias como “Bem Vindo de Volta, Frank”, onde o escritor Garth Ennis devolve o personagem Justiceiro a sua origem. A história “Grandes Astros: Superman” resgata através do roteiro de Grant Morrison e da arte de Frank Quitelyo, o Homem de Aço da Era de Prata.

Personagens antagônicos - Justiceiro e Super-Homem

Guerra Civil, lançada pela Marvel Comics se destaca através da fenomenal arte de Steve Mcniven e também pelo impecável roteiro de Mark Millar. Outro grande lançamento da editora foi “Os Supremos”, que reconta a origem de seus principais super-heróis, visando atingir uma nova geração de leitores, incapazes de compreender 40 anos de cronologia e também os antigos leitores, com interesse de visualizar a releitura de seus velhos heróis.

Dois sucessos da Marvel Comics - Os Supremos e
Guerra Civil

Ainda pela Marvel, destaque para o bárbaro mais famoso dos Comics, que através de Kurt Busiek, ganha uma história na qual é apresentada sua infância e adolescência. Esta fenomenal abordagem esta presente em “CONAN - Nascido no Campo de batalha”.

Através do escritor Brad Meltzer, a DC Comics publica “Crise de Identidade”, que se torna uma das melhores HQs da editora nesta década. Lançada em 2004, a HQ apresenta uma trama bem estruturada em torno do assassinato de uma integrante da Liga da Justiça, a esposa do Homem Elástico. Através de um romance policial, o escritor põe em questão a integridade dos demais membros do grupo, ao revelar que os vilões não são os únicos capazes de praticar atos hediondos. A série conta ainda com a ótima arte de Rags Morales.

Arte das capas do bárbaro Conan - Nascido no Campo de
Batalha e da Liga da Justiça na HQ - Crise de Identidade

“Alias”, escrita por Michael Bendis e com arte de Michael Gaydos, apresenta uma super-heroína que prefere não utilizar mais seus poderes, por conta de problemas ocorridos ao utilizá-los anteriormente, preferindo agir como detetive particular. Esta acaba sendo um excelente exemplo da utilização do tema Super-Herói através de temática adulta.

Outros gêneros se destacam como ótimo material, caso da intrincada trama “100 Balas” de Brian Azzarello e o sucesso "Planetary", de Warren Ellis e John Cassaday, que mostra ao mundo um grupo com função de descobrir segredos do Século 20. Os autores inserem no decorrer das aventuras, centenas de referencias culturais, sendo este um fato bastante interessante desta publicação.

Arte de capa das HQs - Alias - 100 Balas - Planetary

A série “Os Mortos-Vivos” de Robert Kirkman, concedeu aos zumbis dos quadrinhos o mesmo brilhantismo que Romero conseguiu em seu trabalho para o cinema. O ponto alto desta HQ é a forma com que o autor trabalha o psicológico de seus personagens.

Bill Willingham presenteia os amantes de quadrinhos com “Fábulas”, considerada uma das mais geniais HQs da década. A história concebe uma terra mágica na qual vivem todos os personagens das antigas fábulas e contos de fadas, mas, ambientadas no mundo real Nova Iorquino. Outra HQ que apresenta personagens fantásticos saídos de antigos contos é “A Liga Extraordinária”, escrita por Alan Moore. O autor mergulhou em profunda pesquisa na literatura britânica para confeccionar esta interessante obra.

Arte de Capa das três HQs supracitadas

"Y – O Último Homem", de Brian K. Vaughan, publicada pelo selo adulto da DC Comics, apresenta através de excelente roteiro, a extinção de todos os machos do planeta Terra, exceto por um homem e seu macaco de estimação.

"Aldebaran" e "Betelgeuse" do carioca Luís Eduardo de Oliveira foram realizadas respectivamente na década de 1990 e 2000. Originalmente lançados na França, onde “Leo” faz grande sucesso. A série retrata dois planetas que dão título às obras e apresenta de forma incrível, detalhes quanto à flora, fauna, geografia, além da história destes mundos e de seus habitantes. Seu desenho combina muito com o estilo franco-belga e sua trama é uma das mais inventivas da história.

Arte de capa da três HQs supracitadas

"Fracasso Público", de Alex Robinson, foi sucesso de crítica e venceu prêmios importantes como o Eisner, apresentando fatos do cotidiano de jovens adultos. "O Chinês Americano", de Gene Luen Yang, foi a primeira HQ indicada a National Book Awards. A obra fala de racismo, infância e tradições em meio a um projeto inovador tanto nos desenhos quanto nos formatos para dispor os quadrinhos.

"Black Hole", de Charles Burns, contém uma perturbadora história sobre adolescentes. O enredo gira em torno de uma misteriosa mutação ocorrida em jovens de uma pequena cidade, através de relação sexual. O traço escuro de Burs amplia o tom sombrio e cria grande tensão na história.

Arte de capa das três HQs supracitadas

Alison Bechdel apresenta em sua "Fun Home", uma história de rara sensibilidade. Sua HQ retrata a complexa relação entre uma menina e seu pai gay. Alison contou detalhes de sua infância, como a descoberta da sexualidade e também de seu pai. Chamam bastante atenção nesta HQ, suas referências literárias e mitológicas. 

"WE3 – Instinto de Sobrevivência" é mais um fantástico trabalho realizado numa parceria entre Grant Morrison e Frank Quitely. A obra foi eleita pela revista especializada em HQ, Wizard, como melhor minissérie de 2005 e surge como uma das melhores da década. A história apresenta um gato, um coelho e um cachorro que são capturados pela Força Aérea Americana para serem usados como máquinas de guerra. A inevitável fuga e a tentativa de encontrar o caminho para casa são os elementos desta grande história.

"Jimmy Corrigan - O Menino Mais Esperto do Mundo" é criação de Chris Ware, um dos artistas mais ousados e consagrados do universo dos quadrinhos, tendo conquistado cinco prêmios Eisner nos últimos dez anos. Em seu trabalho, Ware explora temas não convencionais, como isolamento social, tristeza e distância paterna.

Arte de capa das três HQs supracitadas

Através da união de dois dos maiores nomes dos quadrinhos, Alejandro Jodorowsky e Milo Manara, surge "Bórgia", uma das melhores HQs de todos os tempos. A história ocorre no século XV, envolve o Vaticano e apresenta de forma substanciosa o período da Renascença. O autor faz duras críticas ao cristianismo através de um enredo que envolve o profano e o sagrado, a política e a corrupção, a luxúria, o poder e a morte.

Outro gênero bastante usado nesta década foi dos quadrinhos autobiográficos, como "Retalhos", de Craig Thompson.

Com grandiosa pesquisa, Hemetério e Olinto Gadelha utilizam fatos reais para criar “Chibata”, que retrata em quadrinhos os principais acontecimentos envolvendo João Cândido e a Revolta da Chibata, ocorrida no Brasil em 1910.

Arte de capa das três HQs supracitadas

Através de um acontecimento real, o escritor Brian K. Vaughan juntamente com o desenhista Niko Henrichon, criam a singular HQ “Leões de Bagdá”. Após um bombardeio à Bagdá em 2003, que acaba atingindo o Zoológico local, quatro leões escapam e famintos caminham pelas ruas da cidade, até que são mortos por soldados americanos. Através destes quatro animais, somos levados a pensar sobre vida em cativeiro e o difícil cotidiano num local devastado pela guerra.

Outro trabalho envolvendo temática de guerra é "Persépolis", de Marjane Satrapi, que coloca leitores como testemunhas oculares do seu crescimento em meio aos conflitos iranianos. A obra transcreve fatos ocorridos desde sua infância até sua saída do país, por motivos de segurança. Este trabalho prende a atenção e consegue conquista leitores, mesmo aqueles que não costumam ter contato com quadrinhos.

Arte de capa das duas HQs supracitadas

Dentro do estilo Mangá, foram destaques da década de 2000, o Samurai X, Death Note, Vagabond, O Vampiro que Ri e Nausicaä do Vale do Vento.

É evidente que o material citado neste trabalho é apenas uma pequena amostra do Universo dos quadrinhos, sendo um referencial indicativo dos principais lançamentos, tendências, personagens e artistas.

Arte de capa dos três mangás supracitados

Arte de capa dos dois mangás supracitados

A década de 2010 é marcada pelo sucesso estrondoso dos super-heróis nos cinemas e isso repercute nos quadrinhos. Mais uma vez o mundo sofre com os ataques de alienígenas, vilões poderosos e monstros... E agora? Quem poderá nos defender?

AMPLIE SEUS CONHECIMENTOS... PESQUISE

Dentro das metodologias ativas, é importante que os alunos saibam utilizar as TDIC (tecnologias Digitais de Informação e Comunicação), e aprendam a pesquisar. Portanto, pesquise na internet, de forma mais profunda, alguns temas citados neste post, assim como os escritores e desenhistas apresentados.

MATERIAL RELACIONADO - Pesquise no Blog

O Fantástico Universo das HQs (Parte 1)

O Fantástico Universo das HQs (Parte 2)

O Fantástico Universo das HQs (Parte 3)

Agora escolha uma das atividades e mãos à obra

PROPOSTA PARA ATIVIDADE 01

Para nossa primeira atividade, proponho a realização de uma releitura de algum personagem apresentado aqui no blog. Mas lembre-se, releitura não é cópia, então, contextualize sua obra. Faça pequenas alterações ou acréscimos na imagem original, que tenham significado para você. Coloque na imagem algo que você gosta, imagine o personagem no lugar onde você mora, casa, bairro ou cidade. Imagine o Garfield visitando a cidade onde você mora... Não seria incrível? 
Você pode utilizar uma das imagens presentes nesta postagem, ou se preferir, pode pesquisar na internet ou em livros e HQs, outras imagens que contenham os mesmos personagens apresentados aqui.

Garfield no CEMFORPE de Mogi das Cruzes - Luiz Alberto

PROPOSTA PARA ATIVIDADE 02

Como segunda atividade, proponho a realização de uma releitura de algum dos desenhos do Calvin e Haroldo. O Haroldo é um bichinho de pelúcia que ganha vida na imaginação do Calvin. Você tem algum bichinho de pelúcia ou boneco e boneca, para desenhar com o Calvin ou com você? Utilize uma das imagens presentes nesta postagem, ou se preferir, pesquise na internet ou em livros e HQs, outras imagens que contenham o mesmo personagem e sua turma... Bora fazer arte?

PROPOSTA PARA ATIVIDADE 03

Agora, vamos colorir um desenho que represente as HQs e personagens apresentados neste post. Escolha um deles, imprima e pinte. Se preferir, faça o desenho a partir da observação e depois, realize sua pintura.

 

 


 

PROPOSTA PARA ATIVIDADE 04

Proponho para nossa quarta atividade, trabalharmos o gênero Mangá. Você pode realizar uma releitura usando algum dos personagem apresentados aqui neste post ou criar um desenho com estes mesmos personagens. 

PROPOSTA PARA ATIVIDADE 05

O mundo está em perigo mais uma vez... Precisamos de ajuda!!! Então, proponho para nossa quinta atividade, trabalharmos o gênero de HQs dos super-heróis. Você pode realizar uma releitura usando algum dos personagens apresentados aqui neste post ou criar um desenho com estes mesmos personagens. Confira logo abaixo, dois desenhos meus com o Homem Aranha, Venon e o Motoqueiro Fantasma, e minha arte no YouTube, onde desenho o Conan e o Wolverine... E você? Escolheu qual personagem?

Um tributo ao Todd McFarlane - Luiz Alberto (2020)

Releitura da HQ - Grandes Heróis Marvel
Wolverine combate Conan - O Bárbaro (1993)
Luiz Alberto (2020) 

Me sigam no

OBJETIVOS

Ampliar o repertório cultural dos educandos.
Ampliar o repertório visual dos educandos.
Apreciar trabalhos de HQs.
Conhecer artistas dos quadrinhos.
Desenvolver conceitos relacionados aos quadrinhos.
Desenvolver trabalhos artísticos através da estética das HQs.
Conhecer e entender as diferentes possibilidades expressivas através das HQs.
Trabalhar a expressividade através dos quadrinhos.
Trabalhar a técnica do desenho.
Trabalhar a técnica da pintura.
Desenvolver trabalho de pesquisa através das TDIC.
Estimular pesquisas qualitativas aos educandos.

BIBLIOGRAFIA

LUYTEN, Sonia M. Bibe. O QUE É HISTÓRIA EM QUADRINHOS. São Paulo: Editora Brasiliense, 1985.

MARINGONI, Gilberto. Criatividade e Narrativa em História em Quadrinhos. São Paulo: SENAC, 1994. Trabalho não publicado.

FLORO, Paulo; ALBUQUERQUE, Fernando. OS ANOS 00: Top 30 HQ's da década. Revista O Grito, 2009. Disponível em: http://www.revistaogrito.com/page/blog/2009/12/31/os-anos-00-top-30-hqs-da-decada/ 

CALLARI, Alexandre. TOP 10 quadrinhos da década. Pipoca e Nanquim, 2010. Disponível em: http://pipocaenanquim.com.br/2010/12/top-10-quadrinhos-da-decada-por-alexandre-callari/

ZAGO, Bruno. TOP 10 quadrinhos da década. Pipoca e Nanquim, 2010. Disponível em: http://pipocaenanquim.com.br/2010/12/top-10-quadrinhos-da-decada-por-bruno-zago/

LOPES, Daniel. TOP 10 quadrinhos da década. Pipoca e Nanquim, 2010. Disponível em: http://pipocaenanquim.com.br/2010/12/top-10-quadrinhos-da-decada-por-daniel-lopes/

DOCTOR, Doctor. TOP 10 quadrinhos da década. Soc Tum Pow, 2011. DisponíveL em: http://soctumpow.com/conheca-as-10-melhores-hqs-da-decada-para-os-leitores-do-soc

TOP 10 Comic Book Heroes. Produção Discorery Channel; Fulcrum Productions. 2002. TV (47 min.).

quarta-feira, 25 de novembro de 2020

A HISTORIA DOS QUADRINHOS PELO MUNDO (Parte 3)

A década de 1950 marca o início de uma fase de perseguição aos quadrinhos. Foram publicados muitos artigos e livros acusando as HQs de serem maléficas as crianças e culpadas pelo crescimento da delinquência juvenil. Os quadrinhos estavam na mira da opinião pública.

Imagem original - Pinterest
Alteração digital - Luiz Alberto

Em meio a uma verdadeira “caça às bruxas”, ou melhor... “caça aos quadrinhos”, a publicação mais destrutiva foi sem dúvida alguma, o famoso livro “A Sedução dos Inocentes” do psiquiatra alemão Frederic Wertham. O livro coloca os quadrinhos como o grande responsável pelos males da sociedade, como por exemplo, moças que se tornaram prostitutas após terem lido HQs. Este fato absurdo é comentado no documentário COMIC Book Superheroes Unmasked (2003), do canal de TV americano, The History Channel.

Quer saber um pouco sobre as mentiras apresentadas em "A Sedução dos Inocentes"

Clique na imagem e acesse a matéria de Sérgio Codespoti, para o site Universo HQ 

Capa do Livro A Sedução dos Inocentes e
seu autor, Frederic Wertham

A campanha antiquadrinhos chegou ao Brasil e por muitos anos foi cultivada a ideia de que os quadrinhos eram um subproduto da cultura. A situação muda apenas no início da década de 1960, quando alguns intelectuais franceses e italianos criaram novas definições sobre as HQs. Seus estudos sobre comunicação de massa constataram que os quadrinhos eram na verdade, um dos meios mais eficazes para transmissão de informações e formação de conceitos. Tal visão foi rapidamente absorvida pelos autores americanos, que após reavaliarem de forma crítica seus materiais anteriores, passaram a usar as HQs como verdadeiros mecanismos de comunicação de ideias. 

Mesmo com a perseguição contra as HQs, 1950 ficou conhecida como a década dos quadrinhos pensantes e intelectuais. Diferente dos quadrinhos da década de 1930, onde imperavam cenários gloriosos e exuberantes, apresentados como verdadeiras obras de arte, nos quadrinhos da década de 1950 o peso maior estava nos balões de fala e pensamento. Neles, a mensagem se destacava sobre cenários produzidos de forma simplificada. Nesta linha de trabalho, surge o primeiro anti-herói dos quadrinhos, Feiffer, de Jules Feiffer. O autor apresenta em seu trabalho, um clima muito tenso, onde personagens transmitem insegurança e depressão. 

A arte de Jules Feiffer questionando a verdade

A reconstrução das HQs americanas ocorre com o surgimento de histórias como “Pogo”, de Walt Kelly, que anteriormente havia sido desenhista dos estúdios Disney. Suas histórias apresentam personagens animais com expressões humanas, e enfocam conteúdo pensante. 

Arte de capa da HQ do Pogo, de Walt Kelly


Ilustração do Pogo e sua turma - Walt Kelly

Uma página da HQ do Pogo - Walt Kelly

Outra HQ que marca esta fase, e que se tornou mundialmente conhecida, é a aparentemente inocente “Peanuts” de Charles Schultz, que no Brasil foi intitulada “A Turma do Charlie Brown” ou “Snoopy”, que era o nome do cãozinho do Charlie Brown. Através desta fantástica turminha, Schultz analisava psicologicamente a humanidade, enfatizando serias questões sobre a sociedade e o mundo.

A tradicional turma do Charlie Brown - Charles Schultz

Ilustração com a turma do Charlie Brown - Charles Schultz

A turminha na era digital - Snoopy e Charlie Brown - O Filme

Criada um pouco mais tarde, mas mantendo o mesmo espírito pensante, surge Mafalda, criação do argentino Quino. Através da personagem, o autor consegue expressar sua preocupação social e transmitir ideias sob os olhares de uma América subdesenvolvida. Embora surjam comparações entre Mafalda e Charlie Brown, os personagens de Quino representam a composição do povo argentino. A visão de mundo representada pelos personagens é bastante distinta, visto que Charlie Brown pertence a uma sociedade rica, enquanto a Mafalda está em meio a um mundo subdesenvolvido.

Quino e sua personagem de maior sucesso, Mafalda
Fotografia de Alejandro Pagni/AFP

A preocupação de Quino com nosso planeta

Nadando contra a maré pensante dos quadrinhos da década de 1950, nasce através de Hank Ketcham, o terrível "Dennis o Pimentinha”, que volta a apresentar histórias com uma criança endiabrada, tão comuns na década de 1920. O personagem é sucesso mundial, e suas travessuras saíram das páginas das Hqs para os desenhos animados e Filmes. 

Capas de HQs antigas do Dennis

Desenho animado do Dennis o Pimentinha


Jay North interpretando Dennis - Série de televisão (1959)
Fotografia: MemóriasCinematográficas.com.br

Mason Gamble (Dennis) e Walter Matthau (Sr. Wilson)
Capas do DVD do filme de 1993

Na França, é criado pela dupla René Goscinny (roteirista) e Albert Uderzo (cartunista), um gaulês baixinho, inteligente e alegre de nome Asterix. É o ressurgimento da Escola de Bruxelas, iniciada com Tintin, de Hergé. Em Asterix, o folclore é apresentado de forma muito particular e o seu sucesso ocorre por um fator muito simples: As histórias mostram estereótipos que todos os povos fazem de si mesmos e dos outros, como a fleuma dos britânicos, a fogosidade espanhola e a teimosia dos franceses. Asterix e seu inseparável companheiro Obelix foram traduzidos para vários idiomas e se tornaram ícones dos quadrinhos franceses, tamanha sua popularidade no país. 

Imagens de Asterix e sua turma

Albert Uderzo com seus personagens (fotografia:
JovemPan.com.br) e Asterix e Olelix na animação
Asterix e o Segredo da Poção Mágica (2019)

Uma parcela do público jovem europeu foi capturada pela sátira franco-belga “Lucky Luke”, autoria de Morris e Gosciny. A história é uma paródia hollywodiana sobre o faroeste americano. 

Cena do personagem de Morris e Gosciny

Os ingleses lançam histórias que retratam aborrecimento e monotonia, com personagens como Bristow e Andy Capp, representado como uma pessoa preguiçosa, cínica, briguenta e que adora jogar futebol, bilhar e beber com amigos e amigas. Andy Capp, criado por Reggie Smythe, foi traduzido no Brasil como Zé do Boné, e publicado pelo Jornal da Tarde, em São Paulo. Curiosamente muitos leitores escreviam cartas para a redação do jornal achando que o personagem era brasileiro. Por sua vez, a figura patética de Bristow, criado por Frank Dickens, apresenta a monótona rotina de quem trabalha numa repartição pública ou em escritórios empoeirados. Bristow é uma caricatura da sociedade moderna.

Andy Capp, de Reggie Smythe (Reginald Smythe)

Tira de jornal - Bristow (Frank Dickens)

Contudo, a grande mudança no setor ocorreu em 1952, com o surgimento da revista MAD, publicada inicialmente por Harvey Kurtzman. Esta publicação modificou completamente o estilo de humor, satirizando de forma escancarada tudo e todos. Não escapavam filmes famosos, HQs, programas de TV e também personalidades de todos os ramos da sociedade.

Capas da MAD de diferentes épocas

Com a chegada dos anos 60, as mulheres dos quadrinhos puseram as “manguinhas de fora” e tornaram-se protagonistas de histórias. As novas personagens simbolizavam a mudança feminina dentro da sociedade, o crescente feminismo e a conquista da liberdade de expressão.

A principal personagem do gênero é Barbarella, criada em 1962 pelo francês Jean Claude Forest e publicada pela revista V-Magazine. A personagem ganha sua versão cinematográfica em 1968 com Jane Fonda no papel principal. Barbarela, ao contrário das submissas heroínas da década de 1930, como Dale Arden, Jane e Narda, que faziam parte respectivamente das histórias do Flash Gordon, Tarzan e Mandraque, tira proveito dos homens e comanda o palco. Com ela, os homens não tinham a mínima chance.  

Pôster do filme Barbarella, estrelado por Jane Fonda (1968)
e ilustração de capa de uma HQ.

Este novo filão é preenchido rapidamente por um número expressivo de personagens similares a Barbarella. As heroínas dos anos 60 retrataram o desejo ardente pela conquista da emancipação feminina em todos os setores da vida. 

A eficiência dos Syndicates em difundir e distribuir as HQs americanas, sempre foi um fator muito positivo, mas como tudo, teve também seu lado negativo. Para atingir o mercado mundial de forma rápida e certeira, sem preocupar-se com barreiras e represálias, formulou-se uma “censura” a temas, imagens e textos, fazendo com que o mercado estivesse sempre fechado para aqueles que tinham em mente algo diferente... Este era o caso de Crumb.

Robert Crumb fazia parte da juventude Underground, e liderou um grupo de estudantes californianos que visavam quebrar certas regras e tabus, lançando algo nunca visto anteriormente numa HQ. O movimento Underground, que se alastrava por todos meios artísticos e que pretendia revolucionar o sistema vigente, chega aos quadrinhos. 

Crumb mudou os caminhos da HQ com histórias e personagens voltados para o público adulto. Fritz the Cat foi seu primeiro personagem e retrata um gato estudante, contestador, poeta, revolucionário e viciado, que vivia fugindo da polícia. Mais tarde cria Mr. Natural, homem baixinho, careca e de longa barba branca, que prega desobediência social. Os dois personagens de Crumb rodaram o mundo e foram publicados no Brasil em 1970, nas páginas da revista Grilo, influenciando muito os quadrinhos marginais brasileiros. Através de um estilo realista e caricatural, este tipo de publicação protestava tudo que era incômodo aos jovens. 

Fritz the Cat e Mr. Natural - R. Crumb

Na mesma época, na China, tornaram-se celebres os quadrinhos usados por Mao Tsé Tung como ferramenta ideológica, inserindo seu pensamento junto ao povo chinês. Nestas HQs, as paisagens surgem pintadas de forma tradicional e as figuras humanas bastante realistas, com exceção dos “traidores” da pátria, que eram apresentados de forma caricata. 

Na terra do Tio San, cresce lado a lado com o movimento Underground, uma grande efervescência produtiva de super-heróis. A grande estrela do momento é Stan Lee, que se tornaria um dos maiores nomes da nona arte e da indústria do entretenimento. O grande diferencial entre os heróis criados por Stan Lee e os anteriores, está na personalidade e na problemática que envolve cada personagem. Stan Lee foi cocriador do Espetacular Homem Aranha, Incrível Hulk, Quarteto Fantástico, Homem de Ferro, O Poderoso Thor, entre tantos outros.

Homem Aranha - Criado por Stan Lee e Steve Ditko (1962)
Homem de Ferro - Criado por Stan Lee, Larry Lieber,
Don Heck e Jack Kirby (1963)

Demolidor - Criado por Stan Lee, Bill Everett e Jack Kirby (1964)
Quarteto Fantástico - Criado por Stan Lee e Jack Kirby (1961)

Hulh - Criado por por Stan Lee e Jack Kirby (1962)
Thor - Criado por Stan Lee, Larry Lieber e Jack Kirby (1962)

Confira a lista com os principais personagens criados por Stan Lee no Omelete

AMPLIE SEUS CONHECIMENTOS... PESQUISE

Dentro das metodologias ativas, é importante que os alunos saibam utilizar as TDICs (tecnologias Digitais de Informação e Comunicação), e aprendam a pesquisar. Portanto, pesquise na internet, de forma mais profunda, alguns temas citados neste post, assim como os escritores e desenhistas apresentados.

MATERIAL RELACIONADO - Pesquise no Blog

O Fantástico Universo das HQs (Parte 1)

O Fantástico Universo das HQs (Parte 2)

Agora escolha uma das atividades e mãos à obra

PROPOSTA PARA ATIVIDADE 01

Para nossa primeira atividade, proponho a realização de uma releitura de algum personagem apresentado aqui no blog. Mas lembre-se, releitura não é cópia, então, contextualize sua obra. Faça pequenas alterações ou acréscimos na imagem original, que tenham significado para você. Coloque na imagem algo que você gosta, imagine o personagem no lugar onde você mora, casa, bairro ou cidade. Imagine o Snoop na sua casa ou a Mafalda na sua escola... Não seria incrível? 
Você pode utilizar uma das imagens presentes nesta postagem, ou se preferir, pode pesquisar na internet ou em livros e HQs, outras imagens que contenham os mesmos personagens apresentados aqui.

Charlie Brown e Snoopy no Laporte - Photoshop
Arte Digital - Luiz Alberto

PROPOSTA PARA ATIVIDADE 02

Como segunda atividade, proponho a realização de uma releitura das HQs do Dennis o Pimentinha. Você pode utilizar uma das imagens presentes nesta postagem, ou se preferir, pode pesquisar na internet ou em livros e HQs, outras imagens que contenham o mesmo personagem e sua turma... Bora fazer arte?

PROPOSTA PARA ATIVIDADE 03

Agora, vamos colorir um desenho que represente as HQs e um dos personagens apresentados neste post. Escolha um deles, imprima e pinte. Se preferir, faça o desenho a partir da observação e depois, realize sua pintura.

 

 

 


 

 

 

PROPOSTA PARA ATIVIDADE 04

Nossa quarta atividade é uma homenagem a Joaquim Salvador Lavado Tejón, mais conhecido como Quino, que foi um pensador, historiador gráfico e cartunista argentino. Proponho que você faça uma releitura de um dos desenhos da Mafalda postados no blog, ou se preferir, pesquisados na internet ou em livros e HQs, ou então, crie uma cena com a Mafalda, no estilo que você preferir. Olha que linda releitura da Mafalda, realizada pelo artista Alessio Rossino. O desenho é uma homenagem póstuma ao mestre Quino, que faleceu em 30 de setembro de 2020.  

Releitura da Mafalda por Alessio Rossino

PROPOSTA PARA ATIVIDADE 05

Nossa quinta atividade é uma homenagem a René Goscinny (roteirista) e Albert Uderzo, criadores do Asterix. Então, proponho que você faça uma releitura do personagem Asterix e/ou de seu amigo Obelix, a partir de alguma das imagens postados no blog, ou se preferir, imagens pesquisadas na internet ou em livros e HQs. 

PROPOSTA PARA ATIVIDADE 06

O mundo está em perigo mais uma vez... Precisamos de ajuda!!! Proponho para nossa sexta atividade, trabalharmos o gênero de HQs dos super-heróis. Você pode realizar uma releitura usando algum dos personagem apresentados aqui neste post ou criar um desenho com estes mesmos personagens. Eu escolhi o Demolidor.... E você?

Demolidor - Aquarela (2003) - Luiz Alberto

OBJETIVOS

Ampliar o repertório cultural dos educandos.
Ampliar o repertório visual dos educandos.
Apreciar trabalhos de HQs.
Conhecer artistas dos quadrinhos.
Desenvolver conceitos relacionados aos quadrinhos.
Desenvolver trabalhos artísticos através da estética das HQs.
Conhecer e entender as diferentes possibilidades expressivas através das HQs.
Trabalhar a expressividade através dos quadrinhos.
Trabalhar a técnica do desenho.
Trabalhar a técnica da pintura.
Desenvolver trabalho de pesquisa através das TDIC.
Estimular pesquisas qualitativas aos educandos.

BIBLIOGRAFIA

LUYTEN, Sonia M. Bibe. O QUE É HISTÓRIA EM QUADRINHOS. São Paulo: Editora Brasiliense, 1985.

MARINGONI, Gilberto. Criatividade e Narrativa em História em Quadrinhos. São Paulo: SENAC, 1994. Trabalho não publicado.